Os incêndios florestais são um dos maiores flagelos que Portugal enfrenta todos os verões. Para além das causas naturais, como o calor extremo, a baixa humidade e o vento forte, uma parte significativa destes fogos tem origem humana, seja por negligência ou por ação criminosa. É neste último caso que entram em cena os incendiários — indivíduos responsáveis por atear fogo de forma deliberada.
Mas quem são, afinal, estas pessoas?
Estudos e relatórios oficiais indicam que não existe um único perfil de incendiário. Muitos não têm antecedentes criminais e vivem em pequenas comunidades rurais, onde os fogos são frequentes. Há, contudo, alguns traços comuns identificados:
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Problemas de saúde mental: alguns incendiários sofrem de perturbações psicológicas ou psiquiátricas, como depressão, esquizofrenia ou perturbações de personalidade. Em certos casos, o ato de atear fogo surge como uma forma de aliviar frustrações ou lidar com sentimentos de impotência.
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Isolamento social: muitos vivem sozinhos, têm dificuldades em integrar-se na comunidade ou em manter relações estáveis, o que pode favorecer comportamentos de risco.
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Motivações económicas ou de vingança: há casos em que os fogos são provocados para beneficiar economicamente (por exemplo, limpeza de terrenos, seguros ou até para criar condições favoráveis a determinadas atividades ilegais). Outros são motivados por conflitos pessoais ou ressentimentos.
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Fascínio pelo fogo: em situações mais raras, encontra-se a chamada piromania, uma perturbação em que a pessoa sente prazer e excitação ao ver as chamas, sem uma motivação prática por trás.
Apesar disso, é importante sublinhar que nem todos os incêndios resultam de atos intencionais. Muitos acontecem por descuido — queimadas mal controladas, uso de maquinaria em dias de risco elevado ou até beatas de cigarro atiradas para o chão. A linha entre negligência e dolo, por vezes, é ténue.
O combate aos incêndios não passa apenas por reforçar os meios de vigilância e repressão, mas também por compreender quem são estas pessoas, prevenir comportamentos de risco e investir na sensibilização das comunidades. Mais do que prender incendiários, importa criar condições para que não surjam novas motivações que alimentem este ciclo destrutivo.
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