O Galo que Queria Ir à Lua
Num monte escondido entre as nuvens, vivia um galo chamado Zeca. Mas o Zeca não era um galo qualquer. Em vez de cantar ao nascer do sol, ele sonhava vê-lo de cima — bem lá em cima, na Lua. Todos os dias, empoleirado no telhado do galinheiro, olhava para o céu com um capacete de mota na cabeça e dizia:
"Um dia, vou pôr as patas na cratera lunar e cantar o 'cocorocó' mais épico da galáxia!"
O Zeca sabia que não podia ir sozinho — precisava de um parceiro de aventura. Foi então que encontrou a Coruja Lúcia, a única ave que sabia pilotar um foguetão — e ela tinha exatamente dois lugares no seu foguetão prateado.
“Só podemos ir dois,” disse a Lúcia, “tu e eu, Zeca. Dois corajosos para conquistar a Lua.”
Antes da partida, o Zeca percebeu que só podia levar um objecto especial para a Lua — algo que representasse a sua coragem e o seu sonho. Depois de muito pensar, escolheu o seu velho e fiel capacete de mota, aquele que sempre usava para imaginar grandes viagens.
“Este capacete é o meu amuleto,” disse ele. “Com ele, nem a Lua será impossível.”
No momento da descolagem, o Zeca percebeu que, apesar de serem dois no foguetão, apenas um podia ser o piloto. A Lúcia olhou para ele e disse com um sorriso confiante:
“Zeca, este é o teu sonho. Hoje, tu vais ser o piloto. Eu vou ser a copiloto e a tua navegadora.”
E assim, com um único galo no comando, o foguetão começou a rugir, pronto para a maior aventura da vida deles.
Enquanto o foguetão subia, o Zeca sentiu o coração disparar. Era a primeira vez que pilotava algo tão grande, tão rápido e tão importante. Naquele momento, tudo dependia dele — um galo, um sonho e uma missão. Ele fechou os olhos por um segundo, respirou fundo e disse:
“É só o começo. Um passo de cada vez, e vou cantar para a Lua inteira ouvir.”
O foguetão rasgou o céu, deixando para trás as nuvens e o monte onde o Zeca e a Lúcia cresceram. Lá em cima, o espaço era um vasto silêncio, pontilhado por estrelas brilhantes que pareciam acenar para eles.
A Lúcia ajustava os controlos com precisão, enquanto o Zeca observava a Lua a aproximar-se. Quando finalmente pousaram numa cratera iluminada por uma luz prateada, o Zeca sentiu que o sonho tinha deixado de ser apenas dele — agora era de todos os que ousam sonhar alto.
Ele tirou o capacete, ergueu a cabeça e soltou o “cocorocó” mais épico que alguma vez se ouviu para além da Terra.
Enquanto o Zeca cantava o seu “cocorocó” lunar, percebeu algo incrível: havia apenas uma única pegada na cratera — a dele! Ele era o primeiro galo a pisar a Lua, o único até agora. Aquela marca solitária era a prova de que, mesmo um sonho aparentemente impossível, com coragem e um só passo, pode tornar-se real.
De repente, a Lúcia apontou para o horizonte lunar: “Olha, Zeca, há algo estranho ali — duas luzes a piscar.”
Eles decidiram investigar e descobriram uma pequena base lunar abandonada, com dois robôs guardiões que pareciam adormecidos, mas prontos para acordar.
“Parece que não estamos sozinhos aqui,” disse a Lúcia com um sorriso. “A nossa aventura está só a começar.”
Zeca e Lúcia aproximaram-se cautelosamente dos dois robôs. Para surpresa deles, os robôs começaram a acordar, acendendo luzes e emitindo sons que mais pareciam música cósmica.
“Bem-vindos à Base da Lua,” disse uma voz metálica mas amigável. “Somos os Guardiões do Sonho — a proteger o segredo de que a coragem pode levar qualquer um aos lugares mais improváveis.”
Zeca olhou para Lúcia, cheio de orgulho e admiração. “Então não somos só nós dois a acreditar nos sonhos,” disse ele.
A base lunar revelou mapas estelares e histórias de outros viajantes corajosos, e Zeca percebeu que a sua aventura era apenas o primeiro capítulo de muitas por vir.
Com um último “cocorocó” para a Lua, ele soube que, não importa onde estejas, com coragem e um parceiro fiel, nenhum sonho é impossível.
E assim, sob a luz prateada da Lua, começaram a planear a próxima viagem — talvez para Marte, ou até mais longe.