quarta-feira, 16 de abril de 2025

política

boa tarde, pessoal 

Vamos falar de uma criatura quase mística... não, não é o lobisomem da aldeia, nem o homem que põe o carrinho de compras no sítio certo... é o político honesto! Já ouviram falar? Dizem que existe. Nunca ninguém viu, mas há sempre um primo de alguém que jura que conheceu um.

Político é tipo Pokémon raro: só aparece de quatro em quatro anos, diz que vai mudar o mundo... e depois desaparece. Já tentaram encontrar um político depois das eleições? É mais fácil encontrar lugar para estacionar em Lisboa à hora de ponta.

Durante a campanha, então, parecem santos. Estão em todo o lado! Vão à feira, beijam bebés, cumprimentam a Dona Maria que nunca viram na vida, e fazem festinhas aos cães dos outros como se fossem deles. Só falta prometer que vão acabar com a chuva ao fim de semana.

E promessas? São especialistas! “Vamos pôr Wi-Fi grátis até na serra”, “hospital novo aqui no bairro”, “transportes públicos com ar condicionado e sem atrasos” — enfim, tudo o que nunca aconteceu... mas agora vai ser!

Ganham? Desaparecem. Vão para um gabinete qualquer com vista para o Tejo, e não se ouve mais falar neles. Mandam uma newsletter de 6 em 6 meses só para fingir que estão vivos.

Mas, vá... sejamos justos. Há políticos bons. Há! Só que são como unicórnios. Ninguém vê, mas há sempre quem diga: “Conheci um deputado que era sério”. Pois, pois...

A política é como novela da tarde: cheia de escândalos, traições, mudanças de lado, e no fim o vilão é promovido. E o povo? Diz que não liga à política, mas sabe tudo. “Eu nem vejo as notícias...” — e depois comenta os debates como se fosse comentador da RTP.

Olhem, um dia havemos de eleger um político que faz mesmo o que promete. Provavelmente no mesmo ano em que o comboio da CP chega a horas.

Boa noite, Portugal! E lembrem-se: prometer... até eu prometo. Cumprir? Isso já é outra história.

(Sai do palco com ar de político em campanha, a acenar com um panfleto.)



Candidato Zé das Promessas – político que promete de tudo.

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Dona Amélia – reformada desconfiada.

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João – jovem cético.

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Funcionário da campanha – sempre animado, mesmo sem saber porquê.

 

[Zé das Promessas entra com microfone e sorriso colado na cara.]

ZÉ DAS PROMESSAS: Bom dia, povo querido! Eu sou o Zé das Promessas e venho salvar este bairro do caos e da humidade! Comigo, cada casa terá um spa, cada rua terá Wi-Fi, e cada criança um tablet com aplicações educativas e Netflix grátis!

DONA AMÉLIA: (de braços cruzados) E os buracos na rua, senhor candidato?

ZÉ DAS PROMESSAS: Já mandei tapar com realidade virtual! Olhe para o telemóvel: lá, a rua está lisinha!

JOÃO: Isso não é tapar buraco, é meter Photoshop na calçada.

FUNCIONÁRIO DA CAMPANHA: (distribuindo panfletos entusiasmado) Votem Zé das Promessas! Ele promete tanto que nem dá tempo de anotar!

ZÉ DAS PROMESSAS: (grita) Vamos ter um hospital com médicos holográficos, comboios que andam a horas, e juro solenemente… que todos os semáforos vão ficar sempre verdes para quem votar em mim!

DONA AMÉLIA: E o centro de saúde, que fecha às quatro?

ZÉ DAS PROMESSAS: Vai abrir 24 horas… mas só no metaverso!

JOÃO: Este senhor devia estar num festival de comédia, não numa câmara municipal.

ZÉ DAS PROMESSAS: (finge emoção) Eu não sou político, sou um sonhador profissional! Sonho tanto, que às vezes esqueço que estou acordado.

FUNCIONÁRIO: (grita) Promessa não paga imposto, minha senhora!

DONA AMÉLIA: Pois devia!

(Sobe música épica. Zé das Promessas levanta as mãos como se fosse num comício.)

ZÉ DAS PROMESSAS: Comigo, o futuro é agora. Ou pelo menos até ao dia das eleições.

JOÃO: E depois disso?

ZÉ DAS PROMESSAS: Depois disso... logo se vê, não é?

(Cai o pano. Fim do sketch.)

 

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